Saúde

O avanço na luta contra a tuberculose

Teste rápido da doença foi incluído na tabela de procedimentos do SUS

Paulo Rossi -

No último mês, através da portaria número 754 publicada pelo Diário Oficial da União (DOU), o teste rápido molecular para a detecção do complexo Mycobacterium tuberculosis foi incluído na Tabela de Procedimentos, Medicamentos, Órteses, Próteses e Materiais Especiais (OPM) do Sistema Único de Saúde (SUS). A medida vai ao encontro da necessidade de prover mais tecnologias para auxiliar no diagnóstico e controle da infecção. Em Pelotas, o ambulatório do Programa Municipal de Controle da Tuberculose (PMCT), localizado no Centro de Especialidades, é responsável por realizar os tratamentos de pacientes que sofrem com a doença. Dados fornecidos pelo Departamento de Vigilância Epidemiológica mostram que foram registrados 245 casos em 2018. Neste ano, já são 108, só de moradores da cidade.

Os primeiros casos foram atendidos pelo PMCT há mais de 40 anos. As médicas Carmen Palombini e Sônia Cruz atuam no ambulatório ao lado da enfermeira Moema Cunha e da técnica em enfermagem Vitória Lopes. Atualmente, são 111 pacientes em tratamento, somados aos 18 apenados que recebem a medicação no Presídio Regional de Pelotas (PRP). Carmen explica que quem possui os sintomas compatíveis com a tuberculose - que são tosse por mais de três semanas, sudorese noturna, emagrecimento, cansaço e febre no final do dia - pode ser encaminhado de Unidades Básicas de Saúde (UBSs) ou se dirigir diretamente à sede do PMCT. Lá, é feita a inscrição no programa e entregue uma carteirinha. É importante estar atento aos sintomas. “Muitos acham que é gripe ou rinite”, exemplifica.

O diagnóstico da tuberculose é comprovado através de exame de escarro e raios x. No teste rápido, além do DNA do bacilo causador da tuberculose, se detecta a resistência à rifampicina, principal droga do tratamento da doença; Pelotas e Rio Grande possuem as máquinas próprias para isso. O tratamento dura em torno de seis meses, dependendo do tipo - isso porque a infecção pode afetar outros órgãos além do pulmão, como a pleura e os olhos. Ainda de acordo com Carmen, na hora da inscrição no PMCT, é oferecido o teste para verificar a existência de doenças sexualmente transmissíveis. Pessoas portadoras do HIV, assim como as que fazem uso de álcool e outras drogas e moradores de rua são os grupos mais vulneráveis. “A tuberculose é uma doença oportunista”, pontua. Além disso, adictos possuem mais chances de se tornarem resistentes aos medicamentos utilizados e, também, de abandonar o tratamento.

O programa conta com a ajuda da assistente social Josiane Sedrez da Secretaria de Assistência Social (SAS) e da Redução de Danos. Eles são responsáveis por auxiliar no controle de pacientes, pois o índice de abandono do tratamento no meio do caminho é alto. É comum, segundo a técnica em enfermagem Vitória Lopes, achar que está curado e parar de utilizar a medicação. Daí, a importância de um acompanhamento. “O certo é observar a tomada”, avalia a enfermeira Moema. Ontem, duas pessoas foram dispensadas e consideradas curadas. “O segredo todo está na adesão ao tratamento”, complementa Carmen. É necessário, inclusive, avaliar os contatos dos infectados, já que o contágio ocorre pelo ar. Para isso, um teste é oferecido às famílias e a proteção é feita através da quimioprofilaxia, ou seja, medicina preventiva. A prevenção à doença é feita através da vacina BCG, no primeiro mês de vida.

Em Pelotas
Neste ano, segundo dados da Vigilância Epidemiológica, já foram registrados 108 casos residentes. 49 casos são novos, 22 são recidivos (pacientes que se curaram e, por algum motivo, voltaram a adoecer), cinco são reingressos (pararam o tratamento e voltaram), um não foi identificado (se é novo ou recidivo) e 31 são transferências. Já em 2018 foram 245 casos, sendo que 144 eram novos, 37 recidivos, 17 reingressos, três não identificados, três identificados pós-óbito e 43 transferências. O PMCT está realizando pesquisas, junto a acadêmicos, para quantificar os casos da doença em cada UBS de Pelotas. Uma tabela de controle de pacientes com tuberculose por Unidade Básica de Saúde foi atualizada no dia 19 do último mês e mostra que são 106 enfermos. Navegantes e Dunas são consideradas áreas de risco, com 11 e nove pacientes, respectivamente. Areal I (cinco), Balsa (seis), Dom Pedro I (cinco), Pestano/Caic Pestano (seis) e Simões Lopes (seis) são as zonas de alerta. O próximo levantamento a ser realizado diz respeito à porcentagem de cura. A partir desses estudos, a ideia é descentralizar o atendimento no ambulatório. A expectativa é que a equipe realize visitas às UBSs - com o intuito de melhorar a comunicação - e, também, que vá às ruas em busca da população mais vulnerável.

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